Quereres

Quereres

O que quer nem sempre tem siso, um risco, um trisco, um triz. Eu queria mesmo era ser cor matriz, um raio de luz na água quente de Olinda, um batuque solto lá no antigo. Um dia eu vi um cara vestido de bobo da corte falando poema lá...

queria conhecê-lo!

Queria ter chamado o cara para dançar, quem sabe uma valsa de Strauss

entre as pedrinhas da estrada que decoram de velhice as eternidade o antigo...

Eu queria ter jogado uma pedra naquela época lago plácido que vivi, eu deveria tocar mais violão! e decorar todas as letras do Oswaldo! do Caetano, e os poemas

do Drummond. Eu queria comer manga com leite em noite de lua cheia

na noite das bruxas! e arrancar os fiapos das lendas sem magia!

Queria te beijar só por uma vida toda! e que este beijo fosse contigo para a eternidade das salivas, onde um amor vira história dentre netos e bisnetos.

Eu queria sair de roupa vermelha a rodopiar pela beira mar de Olinda! na cara, só a tinta dos teatros do Suassuna e nas mãos os guizos dos duendes ou ainda, as sapatilhas de todas as bailarinas que já rodopiei quando criança.

Ah, eu queria escrever em todo muro caído da cidade, comer e saborear bem devagar

todas as nuvens que guardas n'alma! sabes? eu sei que se assim o fizesse, em meu sorriso não teria sequer uma tempestade, nem uma chuvinha de verão haveria.

eu queria só querer, só riscar um traço daqui para lá, subir na linha e correr nela até chegar! Vou juntar estes quereres aos outros tantos "eu queria" amarrar numa fita (que cor?) e soltar no mar, numa garrafa !

Na água verde e morna de Olinda! E quando ela partir,

vou acenar com um sorriso, um beijo e só um desejo:

Boa sorte!

Márcia Poesia de Sá - 2013.

Márcia Poesia de Sá
Enviado por Márcia Poesia de Sá em 23/01/2014
Código do texto: T4661490
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