A RUA...
Vou pela rua
esse espaço que é meu
nele cruzo com a vida
nua e crua
Sem maquiagem e boas maneiras
a rua minha sua de todos nós
Nem polícia nela eu quero
quero o descaminho
o ir sem destino
seguir pra onde meus pés me levaram
Quero o sorriso amigo
o abraço apertado
Quero a rua a cidade
e toda beleza nela escondida
Quero a moça vaidosa
o velho na praça
Quero a criança correndo
Quero a rua da feira
o cheiro de fruta
de verdura fresca
Quero o grito
que grita
o peixe Bonito, porquinho e salmão
"o preço tá bom"
"moça bonita não paga, mas também não leva"
"vai carreto ai, moça, eu levo"
A rua de terra
de ladrilho
ou de caminho
E essa que quero
Rua sem acabamento
rua de acampamento
Rua de Pedro e José
de Maria e de Joana
Pode ser rua de Zequinha
ou rua do Bacana
Rua de menina moleque
rua de moleque travesso
Rua de bêbado
com blusa do avesso
Rua assim sem placa nem nome
rua de quem mora nela e não some
que fica ali
casa, faz filho e vira avô
E pode contar
da rua que um dia
nela correu e brincou
e trás na lembrança
a infância da rua
que teve árvores e colibris
Quero minha rua
que trago no peito
que pulsa de antanho
Uma rua que vive
aqui bem guardada
Nesse peito já gasto
pelo tempo que passa
A rua da infância
dos tempos de criança