Noite
Serão devaneios?
Nada tenho para espalhar em chão de giz.
Mas há um mágico tapete que se desdobra e leva por céus de tinta guache sonhos disfarçados de realidade...
Eis que no perdurar da curta noite, mil e um dias se apossaram do brilho da lua e assim no fugaz da fantasia se fez carnaval...
Roda relógio de tempo parado,
Roa da vida, faz tudo em volta girar,
Janela entreaberta
Periga de o colibri entrar
E as violetas...
O viço recobrar...
Colheres tilintam nas xícaras
Soam esquecidos sons de cafés partilhados,
Palavras ditas, olhares trocados...
Fora a noite um delirar?
Num canto perdido da madrugada,
Braços abraçam,
Camisa de força não quero tirar,
E Vênus, será veio pra ficar?
Ressoam então ocos e antigos sons,
Inexplicáveis murmúrios,
Orquestras que entorpecem e se desprendem de nós,
Bocas de sabores misturados,
De cheiros roubados,
Olhos de brilhos transpostos
Mãos que avançam,
Secretos caminhos,
E segredos a desvendar...
E o tempo, há o tempo, uma trégua a dar.
E de pronto, tudo faz sentido, tudo se faz sentir.
Agora, quero espalhar flores, sobre o chão de giz...
Com as cores de ti...