CONVERSANDO COM A POESIA
Minha querida poesia, velha amiga e companheira tenho tanto pra te falar, não sei se está disposta a me ouvir porém, peço um minuto da sua atenção. Como você sabe, não é com qualquer pessoa que posso falar sobre meus sentimentos porquê se o fizer corro o risco de ser mal interpretado e, mais que isso, ser alvo de pessoas insensíveis. Contigo é diferente, sabe disso. Você me entende, me dá conselhos, quase sempre me apoia, às vezes discorda mas, sempre me compreende e isso para mim é importantíssimo. Ao longo da minha vida, com o passar dos anos e a convivência diária contigo, passei a entender e até compartilhar mais com as pessoas. Passei a entender a saudade dos sexagenários e a ânsia dos apaixonados, passei a entender a tristeza
dos poetas e o choro das crianças que passam fome. Passei a entender
a lágrima dos injustiçados e a ira dos prisioneiros, a amargura dos que
andam nas madrugadas carregando seus corações feridos, passei a entender os que amam os animais e choram com a Farra do Boi, os que amam seus semelhantes e sabem que somos todos irmãos, passei também a entender a rotina das prostitutas, a solidão das viúvas e a alma das submissas. Você, poesia amiga, que conheceu minha primeira namorada, que se alegrou quando tive meu primeiro grande amor, que me amparou quando sofri minha primeira desilusão, você que há muito conhece minhas fraquezas, que sabe dos meus pontos fracos e das minhas possíveis virtudes, peço que jamais me abandone, jamais me deixe só porque não saberia viver sem você. És para mim o ar que respiro, a água que me mata a sede, o abraço de um amigo, é o beijo da mulher que amo. Desculpe-me pela insistência mas, por favor, nunca me deixe.