Só "causos"
Sacava o canivete da algibeira
Mil moleques à sua beira
O pé de laranja era a fruteira
Sua biografia era seu ponto
Contava mil e tantos contos
Um conto para cada um
para aquele, para o outro e para mim
Tinha peixes enormes fisgados
Paixões e amores fracassados
Seu alfarrábio, um baú sem fim
Alguns de manga se lambuzavam
Outros, com jabuticaba se entupiam
Escravos, protagonistas, na alforria
Muitos gemiam na senzala
Grilhões nos bastidores,
Mordomos eram nas salas
montavam o elenco de todas os fatos
enfiados em pecadores e beatos
contava fantasmas e assombrações
À luz de lamparina, falava de Lampiões
Reconhecia cobras de mil venenos
Fazia de feras animais serenos
E cada um, em um conto absorto
Ouvindo o certo, em conto torto
Viajava em história jangada
Viajava o mundo...e mais nada