A dualidade da saudade

Pra onde posso levar a minha saudade?

Ela é uma bagagem pesada que levo às costas.

Dentro dela o carinho dos seus olhos,

A invenção das minhas rodas,

O branco nuvem dos seus sorrisos,

O sol quente dos seus abraços

E suas filosofias de vida.

Não, não tem porquê e nem pra onde,

Não tem como e nem lugar de guardar.

Apenas sou dela e ela fez morada em mim.

A saudade adentra minhas narinas

Como o ar necessário... são vitais.

Não sou de pedra, mas sinto que às vezes sou de areia.

E a saudade é como as ondas do mar;

Bate e volta, bate e volta com toda sua sonoridade,

Levando uns grãos de serenidade.

Mas também, tem horas que me refresca...

... porque saudade “até que é bom, é melhor que caminhar vazio.”

Até onde? Até quando pode ir minha saudade?

Ela vem se tornando uma velha amiga.

Tomamos vinho, fumamos, andamos por aí

E muitas vezes dormimos juntos.

Uma canção te trás, um copo de vinho tinto,

Uma paisagem... és como poeira limpa

Parada no ar que quando quer pousa silenciosa em mim

E me abraça sem pudor.

Ah minha flor maior e mais colorida,

Flor de estação eterna, de primavera sem fim.

Se quiser saber, a maior herança que me deixou

Foi essa saudade louca que ora joga pedra

E que hora sossega meu coração feito banho de cachoeira.

Você foi embora, levou um pedaço enorme de mim;

Um buraco negro se fez, que engoliu um tanto daquilo do que eu era.

E no lugar ficou tudo aquilo que grita seu nome,

Que chora tem hora ou que assopra a ferida.

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 20/01/2014
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