Nas asas de uma borboleta...
Pare! Olhe para mim! Olhe em meus olhos e diga o que você vê. Você é capaz de enxergar a criança que corre descalça atrás da borboleta de asas azuis com manchas amarelas? Repare que a criança tem as mãos sujas de terra. Ela tinha acabado de desenhar no chão a lua e duas estrelas quando viu a borboleta, levantou-se, limpou as mãos na camiseta branca e correu... Está correndo... Não te emociona o sorriso espontâneo do menino, o brilho em seus olhos e a leveza de seus passos? Veja! A borboleta pousou. Perceba como o movimento lento e cadenciado de suas asas hipnotiza a criança... Agora, ele está oferecendo uma de suas mãos à borboleta... Ela aceitou! Com um rápido bater de asas ela foi parar em sua mão. Eles se contemplam. Sinta a cumplicidade que há entre os dois! A simplicidade e a pureza resplandecem neste momento. O tempo parou e o eterno se faz presente... Silêncio... Olhe! A borboleta voou, está seguindo seu caminho. Você consegue ver o menino, agora sentado e com os braços em torno dos joelhos? Ele olha para o alto, acompanhando a trajetória de sua cúmplice, mas o sol ofusca-lhe a visão e ele a perde de vista. Ele então volta aos seus desenhos no chão. Com seu dedo, ele rabisca círculos, espirais, linhas disformes, aleatórias, expressões impulsivas daquilo que acabou de experimentar: o sublime sentimento de sentir-se vivo, parte da vida, parte de algo incompreensível e que flutua nas asas de uma borboleta...