O AMOR NÃO É UM SONETO
A briga dessa vez foi feia. Ego de poeta, supremacia de eu lírico. Não era obrigada a aceitar a verdade dos decassílabos, tão pouco amá-los como sugeriam as teorias. Inaceitável que aquilo fosse amor, tão pouco, miúdo, comedido, estável. Pequenininho, em 14 versos só. O amor não é um soneto, tenha dó. Talvez o amor seja um haikai, com infinitas possibilidades de compreensão. O amor é a poesia abstrata, surreal, dificílima, dulcíssima, governante absoluta de seus sentidos, de suas dores.
Amor é fogo, que se vê arder o tempo todo.
Amor é ferida, que molesta a alma sentida.
Amor é dor, que dói desatinadamente.
Amor é contentamento,
infinitamente
contente.