Cavalgada de emoções...
O vento roçava as primaveras que caíam como flocos de neve,
enfeitando meus cabelos.
Naquele momento, talvez por uma associação de ideias entre a pureza das flores e a adolescência, recuei no tempo. Busquei com sofreguidão uma réstia de amor no talvegue do meu coração.
De relance, meu pensamento sentou-se à beira de uma profunda garganta rochosa e meus olhos contemplavam as águas cristalinas, que serpenteavam o leito de um riacho.
Havia no riacho uma passagem paradisíaca, para se estabelecer o contato leste-oeste. Minh’alma sonhadora não tinha hora para buscar o leste, onde morava o menino de olhos negros e aveludados. O tempo passou... Uma noite tive a última visão do menino-sol. Passava por uma estrada, quando me deparei num Posto da Polícia Rodoviária, com um moço esguio e que estampava um sorriso no rosto. O grito do meu peito vagueou pelo universo, desejava falar do meu amor, amor que o tempo acobertou. O passado despertou, como um vulcão em erupção e a emoção jorrou como lava.
Era noite, mas o sol nasceu diante dos meus olhos e dissipou o nevoeiro. Momento apoteótico!
Anos depois voltei para rever o lugar onde este amor ficou soterrado. Ouvi o diálogo entre as duas mães que foram colegas de escola, a minha e a dele. O menino-sol havia feito a grande viagem num acidente aéreo. Neste ínterim perdi a voz, duas lágrimas deslizaram, enquanto senti um vazio doloroso.
Nesta cavalgada de emoções juntei pedaços dos sonhos e de mãos dadas com o poente solitário fizemos a mesma caminhada...
Fato real...
Magda Crovador.