[Re]feito pó
Sofrido desamor que repulsa, corpo entregue ao limbo, desvalido como poeira. Contudo, ainda vítima de encontros fugazes. Um sorriso, e tudo reinventa. Receio, de um seio que, farto, culmina amargo, num rastilho sofrível de sentimento. Corpo [re]feito de pó, construído por um lampejo de presença. De um olhar. De uma palavra dourada rondando o coração. Rastro doloroso; pegada nauseante em meu solo febril, sitiado por delitos de outrora, e com pálidas lembranças. Refeito sob a anestesia de um toque sinérgico, vulto rarefeito, feito pluma que escapole num mínimo sopro. Meu corpo é templo frágil, vítima de amores fortuitos que ora vem e vão, trazendo dissabor, falta de intenção e sofrimento. Refaço-me, para logo adiante, ser dissipado pelo sopro da solidão. Amores falsos me sustentam como pó. Mas minha alma anseia uma real intenção, não para que me refaça poeira, mas que me torne um [amor] concreto.