TANGENDO NUVENS

Enquanto um vento-menino, brandindo o seu chicote de plumas, suave, brinca de tanger as nuvens esparsas de um céu azulejado, permito-me um observar quase sensato sobre as imagens diversas que se me apresentam em impacto. Figuras das mais várias formas se formam em poucos instantes e, quase no mesmo instante, outra forma e outra vez. Talvez só para lembrar que, da mesma forma que as nuvens, na vida tudo muda, tudo é transformação e, muitas vezes, independe de mim...e de tu...e de vós...

Então, re-corro ao maço de folhas em branco e com o pensar franco, abraço essa inspiração como sendo uma tábua de salvação. E apontando impressões, escrevo, rabisco e escrevo novamente o que devo e o que não devo, o que penso, o que sinto, o que invento e o extinto; fotografo emoções.

Sensações que, percorrendo as veias, geram memórias cheias, esvaziando a razão. Onde a solução? Onde me fiz refém? Ah, coração...Aquieta-te no peito e daremos um jeito nessa nossa questão: ou freamos o vento-garoto que, brincando, tange as nuvens do nosso destino ou mudamos também...

TANGENDO NUVENS - Lena Ferreira - jan.14

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Grata pela carinhosa interação, poeta Stelo Queiroga

“E eis que a pastorinha surge

como se nada tivesse acontecido

conduzindo seus núveos seres

com o mesmo olhar enternecido

E de fato nada houve, nem nada nessa vida urge!”