Célula de uma civilização
Contar o que de mim?
Não tenho biografia
Nasci em berçário
Sem pulseira no braço
Nem sei onde fica
Também não tenho geografia
Querendo saber o que eu seria
Menos vocação, mais profecia
Conto coisas do passado
De ruínas, povos arruinados
Quanta gente, só é povo
Não aparece na história
Por vezes, nem na memória
É foto em álbum de família
Só do herói fazem apologia
Somos peões da civilização
Batismo, registro, diploma e óbito
Aos amores somam-se os hábitos
Partem do mundo, de algum porto
E só é pelo mundo lembrado
Aquele cujo nome é dado
A uma rua, praça ou aeroporto