Célula de uma civilização

Contar o que de mim?

Não tenho biografia

Nasci em berçário

Sem pulseira no braço

Nem sei onde fica

Também não tenho geografia

Querendo saber o que eu seria

Menos vocação, mais profecia

Conto coisas do passado

De ruínas, povos arruinados

Quanta gente, só é povo

Não aparece na história

Por vezes, nem na memória

É foto em álbum de família

Só do herói fazem apologia

Somos peões da civilização

Batismo, registro, diploma e óbito

Aos amores somam-se os hábitos

Partem do mundo, de algum porto

E só é pelo mundo lembrado

Aquele cujo nome é dado

A uma rua, praça ou aeroporto

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 15/01/2014
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