[Da Filosofia: "Olha nos Olhos do Perigo!" - Variante I]
Da Filosofia se passa assim, ou quase assim — Aprendi a filosofar com vaqueiros, boiadeiros, gente de tropa e comitiva, garimpeiros, viajantes, retirantes, batedores de pasto, lavradores, rezadores de reza-brava, curandeiros, putas dos bordéis de Goiás, e, duvidar, até com índio!
Primeiro, eu vi o mundo, experimentei o mundo, comi terra para sentir o gosto, dormi em casa sem forro, telhas serenando frio fininho sobre o lençol.
Escutei na boca de cisterna funda para ver se ouvia o demônio ranger as presas lá no fundo da terra, e nada, só tinha mesmo é água.
Também, eu ouvi o mundo na voz da minha mãe, e depois, quando li o mundo, foi só mesmo coisa de ir colocando no lugar, comparando...
Sócrates era encarnado por meu tio, um boiadeiro analfabetamente sábio, se você quer saber. Sempre na hora de um porém qualquer que surge na vida, eu ouço a voz dele, na hora de tirar o laço da cabeça do boi — “Ô Carlinho, cuidado, num tira os olhos do olho do boi, olha no olho do boi!” — isto é — “olha nos olhos do perigo!”