Fugimos um do outro por milênios.
Inutilmente.
Em dado momento,
época marcada no tempo,
nós nos confrontamos,
tal encontro de Paris e Helena.
Ambos mesclando sabores,
odores em suor agridoce.
Ousamos delírios,
simultaneamente
choviamos um no outro
como extase de semideuses.
Em vão,
nos degladiamos
nas encostas dos rochedos
nus em cheiro verde.
Fomos e voltamos
no balançar da espuma fremente,
amortizados
pelo nosso próprio peso.
Em ritmo quente,
exaustivo, em espasmo de erupção,
viamos a fímbria do horizonte ao lado.
Metáfora de sentidos
formando nova radiação
em explosão de estrelas,
no afã do fogo incandescente,
que nos consumia enquanto o sol e lua
assistiam boquiabertos nossos fetiches.
Triscamos desejos e nos saciamos
sem sequer por um momento,
medir as consequências
do Big Beng que explodia na gente.