por um instante
...estrada vargem-alegrense
árvores e suas folhas amarelecidas,
aproxima o outono, poeira chegando até os tornozelos.
-Café à beira da colheita,os gritos dos colhedores
se confundem ao canto dos pássaros.
-Lenha seca no fogão, estala sem parar, o feijão preto e canjiquinha é servido em pratos esmaltados,o café sai em seguida, no girau de esteiras,algumas carnes a secar.
-Chega o almoço no cafezal,no tabuleiro os caldeirões pesados,
o peão já varado de fome se aproxima,cada um pega o seu, a colher é o remo predileto,instrumento de fácil manuseio,recolhe a comida até o fundo da vasilha.
-A saudade bate no peito, debruçada na janela vejo minha vida a passar, através do vento forte que teima em soprar meu rosto.
... rua/estrada/cidade
Estrada/rios mananciais
Deparo com pessoas olhando pela fresta da porta, janelas se abrem pela metade,um leve sorriso repara os passantes,meu doce amado ainda vive por aqui, penso de repente, num lampejo da mente.
-Inicia a candonga, idioma do lugar ,o saber popular confunde minha mente,em menos de um segundo fico sabedor de tudo e de todos.
-Sabe fulana! Ela engravidou de fulano de tal,
.... observo que a vestimenta mudou, não usam mais aqueles vestidos de chita,a moda agora é salto alto e calça jeans...
-Mas a candonga... esta continua a rolar soltinha na boca do povo.
-Não usam mais o bornal,pra guardar a farinha da venda,o “vintém”, a “sobra”, isto é coisa do passado.
-A cidade acorda cedo,num movimento tresloucado.
-Fico a observar,não reconheço ninguém,os que deixei já nem se lembram de mim.
-O velho vintém no bolso, virou cartão impresso,as algibeiras e braguilhas de botão deram lugar ao ziper “fecho éclair”.
...Amigos!
Alguns deles se foram,para a morada eterna.
Deixando um vazio no peito de quem passa por ali ,só por uma visita.
Roça ou cidade? Minha doce terra natal!