Bagunça
Você consegue ver como fiquei depois que você passou por mim.
Acho que não pode.
Pois de fora ninguém consegue enxergar.
E como poderiam ultrapassar a minha muralha de sorrisos e palavras afáveis?
Todos param diante dela, admiram a vontade de vida que demonstra.
E como não se sentir impulsionado diante desses olhos verdes que irradiam esperança de um novo dia. Puro encanto é estar em sua companhia! Ela ouve isso todos os dias
Outros dizem que sua presença afaga a alma, é como o abraço materno que traz segurança e coragem.
Existem aqueles que desejam a sua jovialidade, provinda se seu jeito de menina sapeca e valente. Isso revitaliza os que a rodeiam
Puro engano!
Aqueles olhos verdes brilhantes, que irradiam a vivacidade de um sonho novo não deixam transparecer que no fundo ela tem medo.
Os sorrisos ornados por palavras afáveis são o seu ardil.
É a capa que ela usa para que não vejam a bagunça que ela guarda dentro do peito.
Na verdade ela é sim uma menina, mas uma menina sentada no chão, de braços envoltos nas pernas a sentir medo.
Quando aquele vento de outono começou a soprar dentro dela, a balançar seus cabelos com sua força amena ; ela se sentiu acolhida.
Pobre menina, ela se abriu!
Deixou que o sol daquelas manhas clareasse sua vida escura.
Passava o dia a bailar, aquecida pelos seus raios amenos.
E fazia questão de ao entardecer contemplar o por do sol.
Sol amigo que enchia seus dias de vida.
Estava tão encantada, que nem notou que as estações passaram.
Que o inverno chegou e trouxe com ele o frio.
A frieza do seu amigo sol, começou a acinzentar seus dias.
Mas ele ainda brilhava, acima das nuvens frias.
Lá estava ele, imponente e desejoso por aquecê-la.
Mas ela não o via mais.
O que ela vê agora é somente a bagunça que ele deixou ao passar por aqui.
09/01/2014