Prosa de mineiro
...Aqui na minha roça é ansim memo :
-Cê vem pra cá?
- Te prepara…
-Condo o dia manhece é uma festa,o sor disponta lá por de traiz daquele morro,oia lá!
-Vem vindo de mansim conquem nunhqué nada, má condo chega,minino!
- A coisa pega fogo.
-Pega sua máquina de trirá retrato, pra levá de recordação, biserva só.
- O gato mia no paió alimentano a cria
- A vaca muge no currar, lambendo bizerrin
- O peão na cochêra, cela o cavalo, pra mais um dia daqueles,sai a galope ...os cães atrelados seguem à frente.
-Vão de dois a dois quié pra num dispersá.
-Ôh penuria!
-Condo ocê acordá, se preocupe não, vai vê qui é bãu dimais,se quisé pode inté participá, tem lida de tudo quié jeito.
Pode iscoiê!
-Cê vai inté ao corguim ariá as vazia, com cinza de fugãodilenha,na vorta traiz o barde cheid’água.
- Pode inté trazê uhas manguinhas, lá ditrais da horta, tem um pezim, carregadim didágosto.
-Daquipoquin o armôço tá pronto, cumá maria tá vindo ali ó,
coamão cheinha de taioba,se ocê quizé pode ixprimentá, dispois de refogada,com angusin de mio novo, fica gostoso.
- Amanhã, se ocê num se importá, vamo tomá bãidirio,aqui pirtim tem uma cachuêra,onde os lambari sobe pra disová,é bunito dimais,vê a luta dêls pra subir a correnteza.
-Mas, tem de acordá cedo!
- Hoje a noitinha, vamo inté casa ducumpázé, lá tem uhas mucinhas,cê pode fazê amizade,elas são mei macaquêras,eh-eh-eh...
liga não, é ansim memo, aqui num tem muito sabê, intonce a gente fica ansim, mei bobo.
-Cumpádizé toca uma viola qui dá gosto, a cumá Gertrudes, faiz uma bruinha de fubádimunhid’água,na foidebananêra,assada em fordibarro.
-O povo aqui chama isso de cubú, ou carcanhá de nego.
-Condo ocê fô cumê,vai achá um poco dura, liga não, é só moiá no caféconleite.
-Ocê pode ir discansá, qui amanhã ti chamo cedin,pra noisih na cachuêra.
-Nunh vai istrainhá a cama,quié de istêra de tabôa,mais tá tudo limpin,travissêro é de marcela,cheiroso qui dá gosto.
-Dá bença aqui no tii, quié pra num perdê custume.
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