Sábado
“Porque hoje é sábado”...
Deverei ver o mundo de um novo ponto de partida. Sabendo propor ao descanso comum um denodado renovar e feição no caminhar.
Porque hoje é sábado...
Hei de ouvir meus silêncios e dar voz a desejos que ainda não aprenderam a falar. Ouvir é também participar da entrega e permitir o retorno daquilo que se ofereceu.
Porque hoje é sábado
Pedirei desculpas, não pelos atos que possam ter levado às ofensas, mas pela omissão que possa ter gerado passividade ou calado outrem...
Porque hoje é sábado
Dançarei blues, cantarei Drummond, gritarei Clarice, chorarei Renatos, Vinícius ou, simplesmente, invocarei a fúria de quem se deve permitir SER;
Porque hoje é sábado:
Arrumarei a casa e jogarei o lixo para fora da vida, a fim de abrir espaços para a composição de novos cenários.
Porque hoje é sábado
Libertarei os medos e receios, para que possam trazer consigo a reflexão e cautela necessárias para o crescimento e maturação.
Porque hoje é sábado,
glorificarei a maestria do Tempo. Tempo que se quer e não se tem... Tempo que se perde e nunca vem.
Tempo, tempo, Tempo (de) pressão;
Porque hoje é sábado
não irei à igreja para ser comum...
Ficarei mais próxima Dele curvando não a matéria aos olhos do mundo, mas a alma ao Seu comando.
Hoje me permitirei errar;
Abraçarei meu cão;
Escreverei uma carta;
Protegerei um homem;
Contemplarei o sol e a chuva;
Desnudarei a alma;
Sentirei saudades... Colherei uma lágrima!
Porque hoje é sábado, dar-me-ei de presente o PRESENTE, aceitando e regozijando-me com a oferta de Sua “sétima” criação e, finalmente, descansarei como foi sua proposta, certa de ter erguido um novo sentido aos meus olhos.