UM RASTILHO DE SAUDADE

Quando retomares teus rastros deixados
no pó do tempo e ao relento: o velho rincão,
e à loura querência que deixaste tão chorosa...
Pões tu para fora os sentimentos abandonados,
Vás ver Laudelina, tua flor do campo amorosa.
Não te abichornes abre ancho, esse velho coração!

Quando voltares ao teu Rio Grande, e lá estiveres,
vás até os campos do alto das serras, medianeiros
de São Chico de Paula, e aos recuerdos ali ficares
solito , e bem confirmada a solidão, sejas altaneiro,
esqueças que és um taita, e que és capaz de amares,
Que aquilo que ali vais fazer será só por derradeiro.

Nos campos altos, soltes um grito de tremer o peito,
com a força do fole dos dois pulmões cheios de ares.
Até roncar num assobio, para que muito a seu jeito,
quando ao estar mui saudoso à querência voltares,
não venhas a te pores de relancina a choramingar.

- Abichornado ao rever minha prenda! Não sou de aço!
A La Pucha! Golpeia-me a lapiana de gume e de prancha
tal amor encalacrado, como fosse tento forte de um laço. 
Leva-me da prenda aos braços, e me faz de alma ancha!




 
Mauro Martins Santos
Enviado por Mauro Martins Santos em 28/12/2013
Reeditado em 28/12/2013
Código do texto: T4628697
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