De nós, a gente é que sabe
Perdurar na angústia de não ter escrito ou na inconstância de se ter perdido a oportunidade de escrever?
O que faz mais sentido?
Discordo de ambas as concordâncias.
Minha agonia é não poder entreter um assunto criado por minha própria mente, porém, meus escritos são sempre devaneios preponderantes das razões inervadas do meu interior inquieto. Este, ao invés de corroborar com essas minhas tentativas falhas, a fim de fazê-las ter alguma correspondência, mergulha fundo na mesma frequência em que se afoga na superfície desses relatos, embora nem chegue as entrelinhas.
Eu, porém, como única existência válida, passo a ser analisadora de fatos, mesmo que isto não tenha nenhuma finalidade além de preencher um espaço, sem margem, sem linha, e digo, não é o meu interior. Mas, essa ação, apesar de devastadora, venha me dar algum consolo, seja supérfluo ou não, me ajuda a encontrar um sentido que não seja ver o tempo passar, mas rever tudo o que fiz enquanto o tempo passou.
Pareço falar de fotografia, esta sim descreveria, de fato cada tempo, não um vídeo, mas a estagnação de momentos captados por uma movimentação voluntária inexata, mas satisfatória. O único problema é que faltaria o essencial, não a dúvida, nem o equívoco de decifrar tal criação, mas, a certeza explícita de sensações angustiantes impossíveis de serem analisadas sem a audácia de afundar-se por dentro, e repito, não é o meu interior.
Digo da maneiras de se entregar. Das decisões incertas que vez ou outra em algum lugar te leva. Das conclusões precipitadas. Do tempo perdido ou aproveitado. Da angústia. Das oportunidades. De quem prefere a superfície porque sabe que a maré é alta, e assim, afogar-se-ia de qualquer jeito.