E a amargura e o tempo

“E a amargura e o tempo

vão deixar meu corpo,

minha alma vazia...”

Não há garantia em minha certeza, somente o ardor de um sentimento.

O pensamento nos ocorre não quando queremos e sim quando quer, de modo que a garantia não há, principalmente porque não somos determinantes na conjugação do verbo “pensar” (Nietzsche).

Então, que a vida venha, se envolva bem de mansinho, que se aconchegue em mim. Abrirei a porta como da primeira vez. Meu coração irá disparar, pular, saltear. Meu abraço irá laçar teu corpo, envolto em minha proteção. O aperto será inevitável, como as bocas que murmuram suaves gemidos e os lábios que se tremem ao se darem como no primeiro beijo.

Se o “pensar” nesse momento insistir, deixemos de lado, junto com nossas roupas que já estarão espalhadas por todos os cantos. O momento é único, não será como o primeiro e não será como o último. Apenas será nosso momento. A entrega ultrapassa limites, barreiras, palavras e atitudes.

A cama, outrora sinônimo de descanso, será cansaço e fadiga. O verbo “pensar” será substituído esplendidamente pelo verto “amar”. E o mundo irá parar e todas as pessoas irão saltar, ficando apenas eu e você. Com o mundo somente nosso, não precisaremos nos preocupar com mais nada.

Findo o turbilhão de desejos, com a tempestade ao longe perdida no horizonte, apresentar-se-á o momento de se exigir o que seu inquietante ser almeja, enfim, o “pensar”. Farei o exercício contrário, o “esvaziar”... Deixarei a mente livre e positiva, deixarei meu corpo exausto sobre um móvel qualquer e farei da minha alma, meu ouvido pensante, sua austera, suave, terna e melhor amiga...

Não há garantia em minha certeza, somente um querer repetir-se sem fim...