O caminho

E foi com as mãos tremulas, o coração na boca, como quem precisava gritar, precisava falar o que ninguém sabia, o que não se encontrava no seu livro aberto, estava nas páginas arrancadas, o motivo dele ser assim tão frio, tão quieto, tão estranho, nunca foi daqueles que fazem sentido, mesmo que as vezes quisera.

Tanta gente andando pela mesma direção, ele quis ser diferente, deu seus passos, por hora sozinho, volta e meia chegava alguém, acompanhava a caminhada, iam embora ao ter pressa pra viver (coisa mais engraçada essa pressa da vida, como viver sem andar, sem observar? tudo bem, não existe manual) ele ia seguindo, tentando,agora porém gritando até a garganta sangrar, queria a paz de todo dia, queria o sol, o sorriso no rosto, mesmo que nem sempre no seu, no rosto de alguém, na paz de alguém, lá ele se via, esquecia o peso que aquelas páginas arrancadas tinham.

volta e meia pensava em mostrá-las para alguém, tentar contar da dor, dos medos, das cicatrizes, dava medo de ser chato (isso estava naquelas páginas) talvez hora errada, talvez não, guardou-as no bolso mesmo assim, só por garantia.

Quem sabe por aí, ande alguém assim, que tenha outras páginas, talvez daria pra trocar, pra dividir ou melhor pra somar, ou talvez apenas colar, voltá-las ao livro, começar outro livro, daqueles de um autor desconhecido.

Paulo Victor Ribeiro
Enviado por Paulo Victor Ribeiro em 26/12/2013
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