[O guatambu que me plange]

Fim de ano é tempo das terríveis retrospectivas... Eis a que mata ainda hoje.

Ao fim de um longo tempo, a minha sala de trabalho havia se transformado numa caverna. Atormentado mais pelo peso dos [meus] erros que dos poucos acertos, eu marcava, num guatambu que eu trouxe de Itumbiara, os dias que faltavam para a liberdade...

Foi curta a única emoção de toda a carreira: o breve instante em que, lá no RPI, na sala de controle do acelerador linear de elétrons, eu vi na tela do computador, os resultados das nossas medidas... a revelação ao mundo de dados da fissão nuclear do Curium.

Depois, tudo foi um escurão só. Sem o mínimo temor de errar, eu afirmo: nos mais de vinte anos subsequentes ao período nos USA, não me recordo de nem um dia bom, nem sequer um!

Ao fim, só me restou mesmo marcar o guatambu, e esperar amanhecer... por que afinal, sempre amanhece, sempre. Amanhece até mesmo para aqueles que estão num inferno! Amanheceu para mim.

____________________

Em tempo: desde já, mesmo sem merecer, eu me adoto como cidadão de Itumbiara

__________________

Desterro, 20 de dezembro de 2013]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 21/12/2013
Código do texto: T4620214
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.