[O guatambu que me plange]
Fim de ano é tempo das terríveis retrospectivas... Eis a que mata ainda hoje.
Ao fim de um longo tempo, a minha sala de trabalho havia se transformado numa caverna. Atormentado mais pelo peso dos [meus] erros que dos poucos acertos, eu marcava, num guatambu que eu trouxe de Itumbiara, os dias que faltavam para a liberdade...
Foi curta a única emoção de toda a carreira: o breve instante em que, lá no RPI, na sala de controle do acelerador linear de elétrons, eu vi na tela do computador, os resultados das nossas medidas... a revelação ao mundo de dados da fissão nuclear do Curium.
Depois, tudo foi um escurão só. Sem o mínimo temor de errar, eu afirmo: nos mais de vinte anos subsequentes ao período nos USA, não me recordo de nem um dia bom, nem sequer um!
Ao fim, só me restou mesmo marcar o guatambu, e esperar amanhecer... por que afinal, sempre amanhece, sempre. Amanhece até mesmo para aqueles que estão num inferno! Amanheceu para mim.
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Em tempo: desde já, mesmo sem merecer, eu me adoto como cidadão de Itumbiara
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Desterro, 20 de dezembro de 2013]