souvenir
estiquei-o enfim como um lençol
de bordado caro
no quarto do lado esquerdo
dentro do brilho dos meus olhos era o forro
mais belo e macio
que havia estendido sobre meu peito
depositei no centro da seda
aqueles olhos matizados de outono
a boca movimentando palavras
os sonidos de passos vindos
os burburinhos do despertar
a xícara com borda de gosto
a silhueta na janela dos ocasos
a sombra nas cortinas das manhãs
os beijos com raios de sol
o cheiro arrebatando travesseiro
as carícias untando corpo
os sonhos cochichados nos (meus)
cabelos...
arrematei tudo dentro
do tecido sedoso
atei as pontas, abracei a trouxa
estufada e trouxe comigo
aquelas lembranças
meu souvenir d’amor