Little Brother Venezuela ou Abobrinhas para um Grande Best Seller

Nenhuma viagem começa e termina nos pontos de começo e fim. Cada ponto pode ser um recomeço ou um fim e vice versa. Viajar a Venezuela, para mim, nunca esteve em meus planos, até o dia que conheci um amigo de Trinidad Y Tobago, que morava na Venezuela. De tanto ele me falar das belezas do país, fiquei com vontade de fazer um passeio rápido pela nação de Hugo Chaves. Eu não estava a fim de arriscar uma viagem tão longa para me encontrar com ele em Caracas ou em outra localidade mais distante.

Combinamos, então, que nos encontraríamos na fronteira, na localidade chamada Santa Elena de Uairen. E assim fizemos. Viajei com milhas de avião até Manaus e, de lá, até a capital de Roraima, Rio Branco, depois mais outra viagem até a fronteira. Não achei nenhuma graça naquela paisagem amazônica. Eu nasci e cresci numa cidade de porte médio e depois me mudei para Salvador, a terceira maior cidade brasileira. Estar no meio do mato, num lugarejo que não tinha nada para se vir, não me agradou em nada. Nos encontramos e nos despedimos em seguida. Nunca mais nos vimos, a não ser através da internet. Isso faz muitos anos, acho que uns dez ou mais.


Não perdemos contato e eu, em minha busca por novidade, sempre, acabei encontrando outros caminhos para matar a curiosidade. Eu acho que o globo terrestre pode ser comparado a um Grande Big Brother Mundial. Estamos interconectados com todos e, ao mesmo tempo, isolados. Minha estadia no Cumberland Hotel, em Caracas, por exemplo, também pode ser comparada a um programa desses, mas, como estou sozinho e não estou sendo visto por telespectadores de lugar algum, nomeio este momento de Little Brother Venezuela. Como estou escrevendo minhas impressões, dou o subtítulo Abobrinhas para um grande Best Seller, parodiando Renata Rimet e nossas conversas salvas do Messenger (finado) e do Facebook (futuro finado). Colecionamos bate papos para transformar em literatura de primeira classe. E quem diria, uns dez anos depois, estou de volta a terras venezuelanas.

Os planos de vir, entretanto, foram acalentados por um ano. Em 2012 resolvi novamente conhecer a Venezuela, e conheci, pela internet, um morador de Caracas. Talvez a capital fosse mais atrativa e, agora, já estava com mais vontade e coragem de conhecer países latinos, após ter viajado para La Habana (Cuba), em 2002, e Cartagena de Indias, na Colômbia, em 2013. Aproveitei o impulso e comprei passagens e reservei hotel em Caracas, por uma semana. Chegado o dia, sexta-feira, 13 de dezembro de 2013, parti rumo à outra aventura.

Do trabalho para casa correndo, terminar de arrumar a bagagem e seguir para o aeroporto de Salvador. No meio do caminho, uma chuva torrencial, quase sem ver a pista. De súbito a chuva termina, faltando cinco quilômetros para o aeroporto. Carro estacionado, check-in realizado, espera pelo voo atrasado e, finalmente, nos céus. Ou quase.

Já no aeroporto de São Paulo, após um voo turbulento... Refeição: um copo de água com gelo, uma cerveja com gelo e um pão com queijo (sugestão do Chef): R$ 18,00 (dezoito reais). Com cartão de crédito, não tem preço... Descobri que o céu era um pouco mais acima.

PS: Ainda tenho muito por escrever. A temporada é grande e as expectativas também.
Valdeck Almeida de Jesus
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 20/12/2013
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