Convidada indesejada
Então, minha velha amiga, nos vimos de novo. Não bateste ou pedira permissão para se manifestar novamente. Temo ainda desconhecer sua natureza e ainda sofrer com banques e choques toda vez que voltas. Mesmo com razões para tal, não a odeio e sim aos seus acompanhantes. Medo, solidão, tristeza e magoa vem junto a ti, como um turbilhão de confusões que me levam a margem da sanidade. Não tenho direitos, no entanto, a pedir-te que se livre de teus acompanhantes, pois sempre que eu mesmo me deparo com um preenchimento vivo, te esqueço e sou grato por esquecer. A dor some e a ilusão de felicidade e plenitude invade o âmago, mas você sabe que não dura, nada permanece erguido por tanto tempo quanto você. Pilantra que espera paciente e atinge-me inesperadamente, junto ao fluxo das ondas mais recentes. Amiga que me prepara, além de tudo, para coisas ainda piores que o auto-flagelo emocional e me deixa forte e resistente as piores pancadas da vida.