O dia no meio da guerra - feito em 2004

Ajoelho-me em prantos

O meu coração é podre de sangue

Que clama no horror da guerra

“Sim Deus, eu desejei derramar sangue

A minha boca ansiou pela guerra

A guerra foi a mestra que chamei

Pela justiça própria

Aqui está o meu pecado

Eu pedi para morte ser minha justiça

E em troca eu ganhei uma armadura negra

Com ela uma espada banhada em sangue

Que clamava de dia de noite por sangue de justiça própria...”

O nó vem com lágrimas

Rompe-se o nó vem o juízo

E com o juízo a confissão

“Minha justiça própria levou-me a matar

Eu desejei matar Senhor

Na minha boca habitou o desejo de sangue

E eu escolhi a guerra como mestra

Eu estou errado Deus

Eu não quero mais a guerra!

Eu a rejeito e jogo fora

Renego essa armadura fétida

Negra

Injusta

Sanguinária

Pela minha justiça própria eu matei, destruí, violei

Deus me perdoa por favor!

Como eu estava errado Deus

Eu já não quero mais trilhar esse caminho de sangue

Nem a minha justiça própria

Quero ser encontrado em ti

Não na minha justiça

A minha justiça me traz ódio

Deus eu te peço Perdão!”

UM dia no meio da guerra,

Via-me de joelhos

Sobre as pernas de soberba

Vi-me a ajoelhado

Diante daquele que sabe de todas as coisas

E tudo nessa terra está nas mãos Dele

E eu me vi lá, de joelhos

Aquilo que julgava ser eu

O ódio que julgava ser minhas mãos

A sede que julgava ser minha

Refletida num espelho,

E ali eu de joelhos,

Toda a minha culpa

Do julgamento que eu mesmo fiz

E assim distruí a mim mesmo

Ali no meio daquela guerra

Do sangue que a sede me pediu pra derramar

Sede de justiça própria e egoísta

Eu me via de joelhos porque estava errado

Já não havia mais ginete de ódio

E não havia mais uma capa negra de tortura

Que me pesasse sobre os ombros

Então eu vi, quanto errado eu fui

De joelhos enquanto a guerra se fazia

Num dia vermelho

Como todos os dias que invoquei na minha vida

Naquele dia no meio da guerra rubra

Que em meu coração ardia

A negra armadura

Me pareceu,

Olhem que espanto,

Nojenta, fétida, amarga

Eis ai então meu erro

No dia

No meio da guerra própria

Eu estava lá

Diante do trono Branco

Sendo julgado pela verdadeira justiça

Eu era uma farsa para mim mesmo

Minha armadura banhada em sangue

A capa que se contradizia

A espada sedenta

O ginete de ódio,

Tudo dizia que a minha justiça era errada

Que nada daquilo era verdadeiro

Então ali eu vi

Como eu estava errado

“Deus

eu só posso te confessar meus erros

E arrependido crer no perdão

Não quero mais assim levar esta armadura

Que não é mais minha pele

Esta espada que não é e nunca foi a minha mão

Esta pesada capa

Que não faz parte de mim

Nem este ginete negro

Como se fossem pernas de ódio

Não quero mais estas coisas

Porque isso não é justiça verdadeira.

E neste dia no meio desta guerra rubra

Oh! Deus!

Escuta-me perdoa-me

Já não quero mais ser o meu pior pesadelo!

Perdoa-me te suplico

Salva a minha alma

Deste ódio que já não aceito”