MEU PAI
Meu pai, tão pouco afeito a demonstrações de afeto, me ensinou coisas fundamentais na vida, principalmente a amar a delicadeza e a sinceridade dos gestos muito mais que as palavras.
Ensinou-me ver a vida com leveza, com desprendimento, com a lucidez necessária para tentar ser justa. Ensinou-me que é possível viver a vida a cada dia, sem grandes planos pro futuro, vivendo apenas.
Ensinou-me a não temer, a falar alto quando preciso, mas também a ter compaixão e a ser solidária com a dor e a necessidade alheia. Ensinou-me a montar um cavalo e a tomar as rédeas de minha vida e assim me fez compreender a vida, a ver beleza na simplicidade, a ver delicadeza no rústico.
Ensinou-me o amor incondicional aos bichos. Quantas vezes não o vimos sofrer, junto com a agonia dos animais na seca, lutar para salvar um bezerrinho que nascia numa noite de chuva, realizar o parto difícil de uma vaca! Nunca me esqueço, quando um dos seus cavalos foi roubado, que moveu céus e terra para reencontrá-lo. A imagem de meu pai recebendo o pangaré rosado de volta, o favorito de suas filhas e filhos é uma das lembranças mais carinhosas que guardo da minha infância.
Ensinou-me o respeito ao trabalho, o afeto para com os seus e a lição da bravura, sem medir as consequências. Quantas vezes não rezei quando saía com alguns trabalhadores para ajudar a apagar as queimadas que pipocavam nas secas, nas terras de um vizinho! O quanto não me assustei quando soube que se jogou no rio, já não tão jovem, para salvar um vizinho pego de surpresa por uma enchente!
Ensinou- me a alegria das coisas simples. Gostar de comer bolo de festa, leite cru e coalhada em jejum, tomar banho de açude, ouvir aboios e moda de viola... Lembro que acordávamos ouvindo o rádio ou com ele cantarolando aboios, mal o dia raiava.
Ensinou-me que viver é simples, ser honesto, franco, cumpridor de seus deveres e atento para ser respeitado em seus direitos não é problema nenhum para quem fez opção por todos esses princípios e valores.
Sua bênção, Meu Pai. Pela vida a fora quero continuar aprendendo com o senhor a lição de ser feliz a cada amanhecer. Continuar aprendendo a ver o mundo com os olhos encantados da simplicidade, do respeito ao meu semelhante. Continuar aprendendo a ser gente, Meu Pai.
Fique em Paz, meu Pai.
Nosso pai partiu mas deixou entre nós um legado de alegrias e bom ensinamentos. Para aliviar a tristeza e a dor da saudade reedito este texto, escrito em um dos seus aniversários.
Meu pai, tão pouco afeito a demonstrações de afeto, me ensinou coisas fundamentais na vida, principalmente a amar a delicadeza e a sinceridade dos gestos muito mais que as palavras.
Ensinou-me ver a vida com leveza, com desprendimento, com a lucidez necessária para tentar ser justa. Ensinou-me que é possível viver a vida a cada dia, sem grandes planos pro futuro, vivendo apenas.
Ensinou-me a não temer, a falar alto quando preciso, mas também a ter compaixão e a ser solidária com a dor e a necessidade alheia. Ensinou-me a montar um cavalo e a tomar as rédeas de minha vida e assim me fez compreender a vida, a ver beleza na simplicidade, a ver delicadeza no rústico.
Ensinou-me o amor incondicional aos bichos. Quantas vezes não o vimos sofrer, junto com a agonia dos animais na seca, lutar para salvar um bezerrinho que nascia numa noite de chuva, realizar o parto difícil de uma vaca! Nunca me esqueço, quando um dos seus cavalos foi roubado, que moveu céus e terra para reencontrá-lo. A imagem de meu pai recebendo o pangaré rosado de volta, o favorito de suas filhas e filhos é uma das lembranças mais carinhosas que guardo da minha infância.
Ensinou-me o respeito ao trabalho, o afeto para com os seus e a lição da bravura, sem medir as consequências. Quantas vezes não rezei quando saía com alguns trabalhadores para ajudar a apagar as queimadas que pipocavam nas secas, nas terras de um vizinho! O quanto não me assustei quando soube que se jogou no rio, já não tão jovem, para salvar um vizinho pego de surpresa por uma enchente!
Ensinou- me a alegria das coisas simples. Gostar de comer bolo de festa, leite cru e coalhada em jejum, tomar banho de açude, ouvir aboios e moda de viola... Lembro que acordávamos ouvindo o rádio ou com ele cantarolando aboios, mal o dia raiava.
Ensinou-me que viver é simples, ser honesto, franco, cumpridor de seus deveres e atento para ser respeitado em seus direitos não é problema nenhum para quem fez opção por todos esses princípios e valores.
Sua bênção, Meu Pai. Pela vida a fora quero continuar aprendendo com o senhor a lição de ser feliz a cada amanhecer. Continuar aprendendo a ver o mundo com os olhos encantados da simplicidade, do respeito ao meu semelhante. Continuar aprendendo a ser gente, Meu Pai.
Fique em Paz, meu Pai.
Nosso pai partiu mas deixou entre nós um legado de alegrias e bom ensinamentos. Para aliviar a tristeza e a dor da saudade reedito este texto, escrito em um dos seus aniversários.