Dia de Fel
Meu coração em pulsar descontínuo
Freia nas noites de cheia, anervia
Encontro solapadas flâmulas
Perpétua batalha entre a cinza e o gris
Intenso marmorear das frases.
Não mais caibo nas páginas
Aprisionado em floresta pesada, páginas amareladas
Rugas de travesseiro e a lâmpada da morte me riem
Pareço galho ressequido, farda sem insígnia
Um horizonte de lagarta medideira, sinuoso.
Às vezes encontro-me cambaleante camaleão sem escamas
Versos de margarina roubam-me as possibilidades
Noto o buzinar do tempo, o encavalar das horas
Gotas de arsênico em doses resfriadas, cavalos e nada
Só pavonadas amarguras engalanam meu céu.
Reviro a cara no tapete incolor
Não presumo escoliose verbal
Dou-te a ti, dia de fel, singelo recado:
Vá-te babujar com essências filtradas (existem infinitas por aí)
E se esqueça dos meus versos, pela tarde que se vai.