Dia de Fel

Meu coração em pulsar descontínuo

Freia nas noites de cheia, anervia

Encontro solapadas flâmulas

Perpétua batalha entre a cinza e o gris

Intenso marmorear das frases.

Não mais caibo nas páginas

Aprisionado em floresta pesada, páginas amareladas

Rugas de travesseiro e a lâmpada da morte me riem

Pareço galho ressequido, farda sem insígnia

Um horizonte de lagarta medideira, sinuoso.

Às vezes encontro-me cambaleante camaleão sem escamas

Versos de margarina roubam-me as possibilidades

Noto o buzinar do tempo, o encavalar das horas

Gotas de arsênico em doses resfriadas, cavalos e nada

Só pavonadas amarguras engalanam meu céu.

Reviro a cara no tapete incolor

Não presumo escoliose verbal

Dou-te a ti, dia de fel, singelo recado:

Vá-te babujar com essências filtradas (existem infinitas por aí)

E se esqueça dos meus versos, pela tarde que se vai.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 23/04/2007
Código do texto: T460967
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.