Só oito minutos
Mesmo no silêncio meio barulhento da noite é fácil pensar no dia: Ah! O dia. Pena que ele acabou. Deu lugar ao angustiante ocaso.
Ainda na penumbra, nas últimas horas de luz, foi possível caminhar pelas ruas apressadas e no meio da multidão olhar para as nuvens que refletiam um Sol meio agonizante.
Foi possível respirar o ar ainda úmido do pós chuva e descobrir entre uma rachadura ou outro do asfalto ou do concreto das calçadas, aquele tufo verdinho que insiste em aparecer e a reviver a cada estação chuvosa em meio ao caos da cidade.
A noite foi chegando e os passos apressados da cidade se distanciaram mais de mim. Pude ouvir cigarras com cantos estridentes e ver entre as árvores nuvens de insetos e a disputa dos pardais por um lugar nos galhos mais altos. É o som da despedida do dia. Ou seria das boas vindas à noite?
Achei um banco seco na praça que agora parece calma, começando a ser habitada pelo vento que sopra preguiçosamente o lixo deixado pelo dia. Vejo as luzes dos postes se acenderem e a magia do dia terminar.
Pernas descansadas, agora é só continuar a caminhada de volta para casa, para a família e saber que ainda é possível ver o fim do dia como um canto à vida. Ver o fim de mais um dia sem querer pensar no amanhã e desejar que a tênue luz do por do Sol, dure mais que 8 minutos.
Angela Imaculada