Dilema da madrugada
O vento empurra, a cortina balança.
Atrás dela é o mundo em noite e um abafado céu em estrelas. A sua frente é o público de um homem só, companheiro madrugada a dentro, brigado com a cama, separado da paz.
No silêncio do vazio(do quarto, quem sabe dos olhos) o farfalhar da cortina canta não o sono nem os sonhos; embala só a mais estúpida sensação de que não há nada no homem que o livre de si, nada que o faça se encontrar.
E quando numa fresta súbita da cortina a imensidão azul funérea surge o homem já não sabe a que aspira; se por ela subir maravilhado, se por ela mergulhar infinito, ou se por ela ouvir uma palavra, qualquer palavra, com significado.