Morte e Vida

A morte está do avesso de uma vida que contamos a conta gotas de um recipiente de conteúdo determinado. Pingam os nossos segundos contados num tempo sem tempo de começar ou terminar a eternidade.

A promessa de que um dia seremos eternos é grande coisa que não comprovamos. Somos reféns de uma esperança que se espera sem garantia nenhuma de que seremos espíritos fora de um corpo, que pulsa vida apenas comprovada enquanto vivemos.

O vazio é acúmulo de nossa esperança. Nela construímos nossos templos e oramos em favor de milagres que justifiquem nosso acreditar. De líquido e certo resta-nos o milagre da morte que por mais cotidiana ainda nos assombra com seu mistério.

E o mistério é nosso porto seguro das incertezas que nos levam a tudo ou ao nada. Simples como estar e deixar de ser. Como num passe de mágica. Num mundo de coisas reais que não se explicam, mas que se pode provar.

Viver é estar entre fragmentos de um tempo que não volta. Vamos, assim, nos despedindo de tudo nos é de valor. E nesses segundos que passam enquanto tudo acaba, vamos vivendo e morrendo até que respirar não seja mais possível.