ANCORADOURO de: Osmarosman Aedo
Chove torrencialmente em meus olhos
Não como fossem lágrimas
Mas, chuva improvisada pelo calor
Que ameaçado, formou nuvens
Com a evaporação de seus oceanos
E usou-as como escudo de sua intensidade
Desaguando um oceano do céu, por sobre meu olhar...
Clarões abriam brechas na escuridão
Riscando as sombras com tanta agressividade
Que se desmanchavam nas poças,
Sem chance de se recomporem.
Com meus olhos em penumbra devido
Empoçamento de água em sua extremidade,
Já não conseguia visualizar sequer meu nariz
Abordado com pingos d’água que mais pareciam
Estalactites em cavernas neolíticas.
Os figurinos por sua vez, semi-transparentes
Molhados em seus corpos,
Desenhavam silhuetas sensuais com tanta delicadeza
Que mais pareciam telas distintas, artísticas
Expostas em vernissagens em Escolas de Belas Artes...
Por fim a chuva cessa, cessando os murmúrios
( que em locais fechados parecem não ter fim ),
E cai do nada, entre um suspiro e outro da lua
Um luar com brisa de primavera
Que deslizasse em minha nuca,
Provocando arrepios milagrosos... estou em casa ufa!