* A campainha tocou.
Tirando uma boa soneca no sofá, despertei, abri a porta, lá estava um homem sorridente, bem vestido, com um livro de fofocas na mão.
Ele queria revelar as últimas novidades, falar sobre os segredos dos vizinhos, quem traía quem, revelar os sonegadores do IR, apontar as dívidas das pessoas...
Eu expliquei que não estava interessado, ele foi embora.
* Mais tarde, novamente despertei confuso da minha sesta escutando a campainha, porém, quando abri a porta, vi uma bela moça, com curvas apetitosas, subindo num ônibus.
Seria ela a minha visitante?
Por que demorei de abrir a porta?
Por que ela parecia tão apressada?
O que ela veio falar?
* Outra vez a campainha insistente me fez despertar.
Abri a porta, lá estava um jovem mal vestido, com a barba crescida, cabelo desarrumado, unhas imundas.
Ele carregava duas redes, me ofereceu uma, recusei.
Bem devagar o moço foi embora meio mole, com um andar malandro.
Ele sumiu assobiando uma melodia qualquer.
* A quarta pessoa não me encontrou dormindo.
Estava preparando um lanche quando a campainha tocou.
Dessa vez um homem já maduro veio me convidar para uma grande comemoração.
Segundo ele, seria uma festa de arromba.
Haveria várias bebidas e som à noite toda.
Também não topei, o cidadão saiu frustrado.
* No final da noite, uma quinta pessoa surgiu.
Uma senhora muito elegante me propôs participar de uma campanha beneficente.
O dinheiro arrecadado ajudaria um grupo de velhinhos abandonados por filhos ingratos.
Prometi fazer o máximo para comparecer, a nobre senhora avançou irradiando simpatia.
* No dia seguinte, revi a moça gostosona.
Indaguei se ela queria falar comigo.
Ela confirmou a visita, explicando que desejava jantar comigo à luz de velas, pois gostou dos meus textos no Recanto, no entanto, após sair dali sem conseguir efetuar a proposta romântica, logo conheceu um outro rapaz o qual a cativou.
A moça se despediu gentil, fiquei muito triste com as informações.
Lastimei demais não poder provar aquelas coxas estonteantes.
* Mais tarde resolvi procurar O Sábio.
Narrei as cinco visitas que recebi, pedi alguma compreensão sobre as últimas ocorrências.
Ele esclareceu tudo com a lucidez e perspicácia habitual.
* “Ilmar, a primeira visita surgiu para te mostrar o tempo que perdemos com boatos tolos e conversas improdutivas.
Quantas vezes ficamos falando sobre a vida alheia?
Se não comentamos, valorizamos os papos mordazes dos outros.
Você abriu a porta, porque, caso não exista vigilância, nós aceitaremos sempre a maledicência inútil e prejudicial.”
* “A segunda visitante veio te ofertar o conforto dos braços quentes e bondosos. Provavelmente ela seria a sua querida futura companheira, entretanto a distração mais a ausência de atenção fizeram você não aproveitar a oportunidade preciosa.
Não deixa de existir a mulher que pode virar esposa, mas não podemos cochilar. Se o candidato demora, aparece sempre um substituto.
A chance de ouro precisa ser cultivada já, pois a tampa da panela um dia será fechada.”
* “O terceiro visitante veio te dar o que o mundo mais apresenta.
Ele trouxe a oferta do cansaço e da preguiça.
Nós gostamos demais da indolência.
Várias vezes conservamos os sentidos entorpecidos, assistindo a TV tão alienante o dia todo, descansando sem nunca cansar, criticando os políticos e governantes sem efetuar a parte cidadã, adiando os estudos, desejando as riquezas fáceis ou simplesmente preferindo não realizar qualquer atividade, deixando a vida levar conforme diz uma canção.
É o triste vazio das almas tolas e toscas.
Enquanto os minutos prosseguem implacáveis, elas não saem do lugar, estacionadas numa eterna modorra.”
* “O quarto visitante veio oferecer o prazer selvagem.
Bebidas, sexo exagerado, músicas pobres e risos falsos.
Aprisionados no oceano da alegria barulhenta, terminamos a jornada correndo atrás de uma felicidade alicerçada na forma bonita ilusória e estimulada pelas drogas, legais ou ilegais.
Eis o tipo de convite o qual sempre encontra a porta aberta.”
* “Apesar dos abusos e da nossa indiferença rotineira, jamais ficaremos sem os convites que verdadeiramente enriquecem.
Essa foi a quinta visita, você prometeu tentar comparecer, pois é muito comum a gente hesitar na hora de acompanhar a proposta que soma.
Essa oferta saudável valoriza a caridade, o amor ao próximo, a ação desinteressada a qual favorece o bem dos outros.
Que maravilha! No meio do alvoroço, a paz quer seduzir.”
* O Sábio se despediu.
Eu surpreso percebi que as oportunidades sempre surgem e as mais diferentes alternativas nunca esquecem o ser humano.
Se vamos abrir as portas, quando vamos abri-las, depende de nós.
Aceitar ou recusar as ofertas também depende de cada indivíduo.
* Enfim, a felicidade duradoura e verdadeira combina com a ênfase que nós damos aos visitantes nas diversas fases da vida, que é repleta de portas contendo diversos convites.
Um abraço!
Tirando uma boa soneca no sofá, despertei, abri a porta, lá estava um homem sorridente, bem vestido, com um livro de fofocas na mão.
Ele queria revelar as últimas novidades, falar sobre os segredos dos vizinhos, quem traía quem, revelar os sonegadores do IR, apontar as dívidas das pessoas...
Eu expliquei que não estava interessado, ele foi embora.
* Mais tarde, novamente despertei confuso da minha sesta escutando a campainha, porém, quando abri a porta, vi uma bela moça, com curvas apetitosas, subindo num ônibus.
Seria ela a minha visitante?
Por que demorei de abrir a porta?
Por que ela parecia tão apressada?
O que ela veio falar?
* Outra vez a campainha insistente me fez despertar.
Abri a porta, lá estava um jovem mal vestido, com a barba crescida, cabelo desarrumado, unhas imundas.
Ele carregava duas redes, me ofereceu uma, recusei.
Bem devagar o moço foi embora meio mole, com um andar malandro.
Ele sumiu assobiando uma melodia qualquer.
* A quarta pessoa não me encontrou dormindo.
Estava preparando um lanche quando a campainha tocou.
Dessa vez um homem já maduro veio me convidar para uma grande comemoração.
Segundo ele, seria uma festa de arromba.
Haveria várias bebidas e som à noite toda.
Também não topei, o cidadão saiu frustrado.
* No final da noite, uma quinta pessoa surgiu.
Uma senhora muito elegante me propôs participar de uma campanha beneficente.
O dinheiro arrecadado ajudaria um grupo de velhinhos abandonados por filhos ingratos.
Prometi fazer o máximo para comparecer, a nobre senhora avançou irradiando simpatia.
* No dia seguinte, revi a moça gostosona.
Indaguei se ela queria falar comigo.
Ela confirmou a visita, explicando que desejava jantar comigo à luz de velas, pois gostou dos meus textos no Recanto, no entanto, após sair dali sem conseguir efetuar a proposta romântica, logo conheceu um outro rapaz o qual a cativou.
A moça se despediu gentil, fiquei muito triste com as informações.
Lastimei demais não poder provar aquelas coxas estonteantes.
* Mais tarde resolvi procurar O Sábio.
Narrei as cinco visitas que recebi, pedi alguma compreensão sobre as últimas ocorrências.
Ele esclareceu tudo com a lucidez e perspicácia habitual.
* “Ilmar, a primeira visita surgiu para te mostrar o tempo que perdemos com boatos tolos e conversas improdutivas.
Quantas vezes ficamos falando sobre a vida alheia?
Se não comentamos, valorizamos os papos mordazes dos outros.
Você abriu a porta, porque, caso não exista vigilância, nós aceitaremos sempre a maledicência inútil e prejudicial.”
* “A segunda visitante veio te ofertar o conforto dos braços quentes e bondosos. Provavelmente ela seria a sua querida futura companheira, entretanto a distração mais a ausência de atenção fizeram você não aproveitar a oportunidade preciosa.
Não deixa de existir a mulher que pode virar esposa, mas não podemos cochilar. Se o candidato demora, aparece sempre um substituto.
A chance de ouro precisa ser cultivada já, pois a tampa da panela um dia será fechada.”
* “O terceiro visitante veio te dar o que o mundo mais apresenta.
Ele trouxe a oferta do cansaço e da preguiça.
Nós gostamos demais da indolência.
Várias vezes conservamos os sentidos entorpecidos, assistindo a TV tão alienante o dia todo, descansando sem nunca cansar, criticando os políticos e governantes sem efetuar a parte cidadã, adiando os estudos, desejando as riquezas fáceis ou simplesmente preferindo não realizar qualquer atividade, deixando a vida levar conforme diz uma canção.
É o triste vazio das almas tolas e toscas.
Enquanto os minutos prosseguem implacáveis, elas não saem do lugar, estacionadas numa eterna modorra.”
* “O quarto visitante veio oferecer o prazer selvagem.
Bebidas, sexo exagerado, músicas pobres e risos falsos.
Aprisionados no oceano da alegria barulhenta, terminamos a jornada correndo atrás de uma felicidade alicerçada na forma bonita ilusória e estimulada pelas drogas, legais ou ilegais.
Eis o tipo de convite o qual sempre encontra a porta aberta.”
* “Apesar dos abusos e da nossa indiferença rotineira, jamais ficaremos sem os convites que verdadeiramente enriquecem.
Essa foi a quinta visita, você prometeu tentar comparecer, pois é muito comum a gente hesitar na hora de acompanhar a proposta que soma.
Essa oferta saudável valoriza a caridade, o amor ao próximo, a ação desinteressada a qual favorece o bem dos outros.
Que maravilha! No meio do alvoroço, a paz quer seduzir.”
* O Sábio se despediu.
Eu surpreso percebi que as oportunidades sempre surgem e as mais diferentes alternativas nunca esquecem o ser humano.
Se vamos abrir as portas, quando vamos abri-las, depende de nós.
Aceitar ou recusar as ofertas também depende de cada indivíduo.
* Enfim, a felicidade duradoura e verdadeira combina com a ênfase que nós damos aos visitantes nas diversas fases da vida, que é repleta de portas contendo diversos convites.
Um abraço!