praça

Quando eu ainda podia pegar o mundo nas mãos e levá-lo pra passear comigo nos domingos iluminados, coloridos, enfeitados de bolhas de sabão, ainda nem sabia do amor puro, sem dor, que trazia comigo, como toda criança inocentemente o traz. O som daquilo me trazia vida, toda a cor das bolas de Círio, e todo o barulho da praça. Eu nem podia imaginar o que seria depois, apenas estava ali nas minhas aventuras de criança, reais ou fantásticas, não sei distinguí-las de tanto que se misturaram. Naquela época, eu era iluminada por dentro, e a luz transbordava pelos meus olhos, pelas minhas gargalhadas.

Hoje, o amor que carrego dentro de mim não é mais inocente. Meus olhos se tornaram escuros. Meu sorriso, triste. E o meu maior medo, é perceber que o real de fato não o é.

A luz que pude guardar, ainda aparece, timidamente, da mesma forma no meu olhar diante das bolhas de sabão.