_Uma dose de coragem, por favor! Eu pedi, sem ter resposta.
Eu ouvia aquela velha canção que dizia que a dúvida é o preço da pureza sem entender por que a dúvida permanecia se a pureza já não existia.
Embora não entendesse o que realmente o autor queria dizer, continuava a sentir como se aquela frase fosse um pouco minha. Dúvidas iam e novas surgiam. Respostas? Nunca tive concretas ou permanentes, elas vinham transitórias e sempre com um vazio que dava brechas para novos questionamentos.
Enfim, aprendi a conviver com elas, aquelas malditas que me faziam silenciosa no meio de um trajeto a observar superficialmente o campo que lembra tanto um passado que ainda não passou. Sem perceber surgia um sorriso, era o reflexo de uma lembrança boa que vinha no meio daquele turbilhão de ideias.
Queria poder descrever o sentimento, mas prefiro senti-lo. A mistura de tantos elementos me deixava cada vez mais confusa, entre parte de mim querendo não querer e outra parte querendo se entregar. É aí que a dúvida se mistura com o medo e inspira um desejo de fuga, não quero mais! Não de novo, a mesma história com outros personagens, o mesmo enredo em um novo cenário.
Assim, olhando ainda pela janela, via as casas passarem, as árvores, o tempo. Peguei minha mochila, coloquei nas costas e disse: boa noite motorista! Talvez amanhã eu volte, talvez ainda dê tempo de fazer o que a vontade pediu, mas o “bom senso” não deixou. Ou quem sabe amanhã eu acorde e tudo não passe de um sonho, a solidão incomoda, mas é um vazio inspirador. Enquanto a utópica felicidade não chega, transformo a dor em poesia. Caso um dia eu vá embora, pode ficar com as minhas palavras.