Penduro a alma no varal da (in)certeza
E o que na vida seria certeza
Além do fenerger d'matéria esmaída???
E faço do teu dedilhar a mais perfeit'arte...
Num subúrbio do mar de lágrimas sem face
Onde as brumas a sabor do vento
Exprimem os meus melhores sentimentos...
Numa semblante tela lindamente pintada...
Num talho discreto
E sereno sedutor desejo...
Num beijo dado e jamais esquecido...
Mistério cercado de noite
No resplandecer do solstício de dias
No inverso do ser, desdobrando em faces...
Na gruta misteriosa que se mescla
Num misto de amor e magia
De prazer e agonia
De ter-te-tido...
N'alma acrescida com o mel da terra...
Num desperto desabrochar em flor
Onde predomina a imperfeit'arte
De amar transbordante...
Pétalas espalhadas pelo vento
Que representavam os subterfúgios
Tragados por tua post-umidade...
Num'arte inexistente de viver
Magia dos dias e noites acolhidas
D'um afeto e afago-abraço...
Representados pelo simbolismo
Reverenciado do existir...
Da primavera que é a mais lind'arte
Que a natureza nos presenteia
Num fechar as pestanas
Das cidadela dos sonhos
Nas ruelas de um sub'existir sem ti...
Sem ao menos ter o direito
Do aplauso das marquises dignas...
Nas lágrimas velhinhas de um existir
Com a mais imperfeit'arte que é o AMAR
Na plenitude do ser...
Nas petalas que caem em formam
Da forma mais imperfeit'arte
Formam teu nome na lápide gélida...
Que se danem os aplausos da multidão
Será que ela existe???
Numa postula ruga de um envelhecer feliz
Não me incomoda se as cicatrizes
De uma vida aprendiz...
Que minhas pálpebras se fechem
Depois de um legado deixado
Nos traços dos meus versos
Grafitados no universo
Que hoje são destronados...
Mas, jamais apagados pelas maldade humana...
Em letras bordadas em fios de ouro...
E lapidadas pelo diamante em lágrimas
Torrenciais somente pra deixar escrito
Ou sub'escrito um legado
Do eterno amor transbordado na dor
Do teu sempiterno existir em mim...
Num deâmbular dos meus versos
insólitos e concretos...
Te reverencio e te digo
És sim, arte escrita e inventada
mas sim, és arte
Nas reticências do meu existir.

Ray Nascimento


PALAVRAS NÃO EXISTE EM DICIONÁRIOS
(somente em dicionários de loucos)

ESMAÍDA - morta, sem vida (MEU SER VESTIDO
COM O MANTO DO LUTO).

FENERGER - que significa a morte
extrema d'alma pelo luto
que grita no silêncio das suas reticências
palavras (verbos) sei lá,
inventada por mim para demonstra
a intensidade da minha dor.
Ray Nascimento
Enviado por Ray Nascimento em 06/12/2013
Reeditado em 03/01/2014
Código do texto: T4601513
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