Era Pra Ser Um Poema
Ontem uma novidade, uma febre interna que enaltecia. Uma dor singela, prazerosa. Um ardor no peito que faz querer sorrir e chorar. Hoje um vazio, uma indiferença. Um nada.
Ontem dois dorsos, um beijo invasivo. Um par de línguas inquietas. Alguns sorrisos e uns toques. Ontem todas as pintas, um cheiro no cangote.
Ontem um sofrer e suar entre olhos, dentes. Cabelos. Furacões. Explosões. Um morrer devagarzinho.
Hoje encontros casuais, pelas ruas do centro. Nas estações de metrô. Um baixar de olhos.
Ontem uma plenitude, uma felicidade, alegria sôfrega. Hoje fingir que não nos vimos. Desconhecidos.
Hoje uma agonia auto-repelente. Isolante e ilusória. Sentidos contrários.