Espasmo

... mas não somos cada qual um alien preso em seu próprio mundo tentando contato imediato com o outro? garimpo palavras, estudo estratégias, calculo fisionomias, mas minhas frases fluem frustradas e minhas ondas sonoras quebram à beira do ouvido. o coração é um mundo inacessível até mesmo para os que o transportam pulsando “não-sei”, “não-sei”, “não-sei”. ser humano é um verbo anômalo, cuja conjugação agora é somente em terceira pessoa do plural. engulo minha singularidade e emito espasmos idiossincráticos. inspiro nicotinas e trago uísques, testemunhando um banquete de gorduras, açúcares e artifícios. vejo gráficos e ouço sermões de uma doutrina perversa, cujos versos já foram vociferados na mídia surda-muda. surtos são sarados com cifrões e a depressão virou somente um buraco na via. lambo as lágrimas de meus companheiros com conselhos caolhos. vago procurando uma vaga mas o vigia tranca os portões com os cadeados do medo. peão na mão do player que dá o cheque e o mate. os altares foram ocupados pelos culpados que abençoam com falanges falaciosas.  faço então meu jogo sozinho, esparramando carinhos em trapos. teço uma colcha de pequenos significados e me cubro com essa salvação...
Well Coelho
Enviado por Well Coelho em 02/12/2013
Reeditado em 02/12/2013
Código do texto: T4595737
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