Do amor que não vivi
Querendo aportar na nave. Pegar carona em sua fumaça branca, e alegrar meus anos. Quase meia idade! E inquieta busco algo no infinito de minhas ilusões. Mas, o tempo nunca fora generoso comigo. E quando percebo a nave já vai longe e o que me sobra é o porto solidão. Uma saudade boa do que não vivi. E, inusitadamente, uma alegria disfarçada, vestida de dias sombrios; mas, o coração sabe que é alegria, mesmo não seguindo nessa nave que revivesceu meus sonhos, valeu a estadia a bordo de seu sorriso. Valeu a estadia a bordo de suas gentilezas e palavras sublimes. No meu porto solidão eu espero uma gentileza da vida; quero apenas uma chance de adentrar outra vez essa nave por alguns instantes e desfrutar de seu doce sorriso. E assim viver minha outra idade aconchegada em esperança. Nos braços do tempo desejo estar com a lembrança de seu abraço e de seu beijo de amor. Sim, amor é o que espero do tempo. Que um dia, eu sei, pousará em minha alma como o amante no seio da amada.