É tarde para viver...
mas cedo demais para morrer...
Tere Penhabe
"Teu companheiro eu fora, de verdade
não fosse outra razão mais portentosa
a vergar-me os ditames da ansiedade
de afagar-me em areias de praia formosa
Alexandre"
Depois de tanto tempo... tantos anos,
fere a alma ouvir tal afirmação, causa dor...
mas é dor gratificante de sentir
como o vento que remexe os cabelos
mas em compensação, acaricia nossa face...
Também eu, esperei que fosses meu companheiro
mais que esperar, contava com isso o dia inteiro
não me ocorreu que todos estavam enganados
ao afirmarem, tão levianamente, que o amor é tudo!
Acreditei quando me disseram, pela vida afora
que nada poderia vencer o amor ou arrefecê-lo
eu confiei cegamente, porque o sentia, e esperei...
por longos dias e noites eu esperei em vão.
Todas as manhãs caminhando nas águas do mar
esperava que de repente, eu te visse surgir
virias cumprimentar nossas gaivotas
no nosso encontro tão sonhado, a praia dividir...
O mar sempre me disse para esperar
também ele foi enganado, tal como eu
e hoje choramos juntos o nosso desengano
misturando nossas lágrimas no abraço abonado pelo sol.
Volto ao nosso recanto, onde estivemos juntos tantas vezes
voltarei sempre, enquanto meus passos me levarem
até que um dia, isso não seja mais possível
e então, eu poderei finalmente voar!
Mas enquanto isso, se ouso me ocultar
a vida bate à minha porta, vem me chamar
porque se é tarde para viver
também é cedo demais para morrer!
Meus sonhos foram embora, como pássaros em arribação
eu que os tinha tanto e acalentava
hoje caminho nos cascalhos do envelhecimento
sem coragem de sonhar outra vez...
Não há mágoas acolhidas na minha alma
nenhum rancor, apenas um vazio imenso
uma sensação enorme de impotência, demência
diante do meu castelo desmoronado pelo vento...
Não me sinto culpada, e sei que não és também
fornecemos apenas as páginas
mas não somos nós que escrevemos a vida
e ela se negou a escrever a nossa história...
como se nega, todos os dias, a escrever outras tantas histórias
por isso, a quem ainda se encontra no caminho
a quem não perdeu a direção, rolando na ribanceira
eu digo: não espere nunca! Vá buscar!
O destino não nos dá nada de graça, se queremos
temos que lutar muito para conseguir, além da conta
temos que arrancar dos braços do destino, à força se precisar
mas sempre, incontestavelmente, com amor!
Porque, apesar de tudo e de todos, apesar de mim...
eu ainda acredito no amor! E me recuso a perder essa fé
porque se a minha alma sangra e chora o seu vazio
não significa que todas estejam vazias... não estão.
De tudo que eu vivi nos muitos dos meus dias
do ouro que me levou tão longe e tão alto
do meu sucesso profissional, reconhecido por tantos
nada, absolutamente nada, foi mais importante que o amor...
mesmo que eu não o tenha mais...
Santos, 14.04.2007_1:25 hs
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