A OUTRA
A OUTRA
É quase sempre assim:
muita ilusão perdida,
e um tal de esperar
sem remédio, sem tempo...
No gotejar das horas
só um vazio imenso,
e a pergunta que fica
no espaço sem limites:
-Pode essa noite, amor?
- Não...(quem dera pudesse!)
hoje é dia de samba,
e eu vou levar Tereza.
- E amanhã, meu amor...?
- Só se ao clube eu não fosse...
Será noite de sauna, e Tereza quer ir...
-E depois...?
- Vamos ver... há amigos à espera!
- No domingo ...?
- Não dá... vou acampar na praia.
- Que outro dia então...?
- ... Há negócios pendentes,
Coisas a fazer que são demais urgentes,
Vamos ter que esperar.
(Não há noite talvez,
no extenso calendário,
que seja p’ra nos dois ?
Uma noite infinita
- quem me dará certeza?-
Uma noite sem samba,
sem amigos, sem festa,
uma noite sem Tereza...
Uma noite sem sauna,
sem praia, sem jogo,
nenhum negócio a vista.
Com meu abraço só,
o meu beijo, mais nada;
o calor do meu corpo,
meu amor... armadilha
no tempo do sem tempo,
no silêncio, no grito,
no caminho da estrela,
só nos dois... ninguém mais...)