Náiade

A natureza,

A proeza de ser

De tecer as sendas,

De penetrar as fendas

O prazer em verter o vento,

Soprar o canto,

Regar o encanto,

Vergar o vime que retesa o tempo...

Sonhos brandos,

Fádicas lendas,

Uma teia vívida de ser

Sempre alento,

No bojo do cântaro

De ser atento

Ao bater de bigorna, elevado,

Distante e tão lento...

O aroma na soma

Das sombras no sobrepor,

Sonidos bisonhos, besouros,

O lufar nas folhas imenso

Avisa o atraente frescor,

Ativa a essência despida

Da flor-pinho de incenso...

O recanto mago,

Ao largo da trilha oculta,

A escuta do estalar de gravetos

Talos secos, relvas úmidas,

Húmus, sumos, podres espetos...

E o latente piar de dolentes,

O desaguar solene incessante

Murmúrio nas pedras dormentes

Oh, Ninfa das águas, fontes, lagos e rios!

Que percorre as selvas, os leitos sombrios,

As tocas escuras, cavernas, cisternas,

E o solo amargo, árduo, roto, febril!

Oh, Ninfa do ciclo incansável das águas!

Que percorre céus, terras e mares

Que lapida pedras cortantes molares

Que leva a seiva aos ramos rebentos

E rola seixos, pedregulhos tão distantes,

Cede teus seios fartos, macios, suculentos

Molha e adoça raízes, bicos, lábios sedentos...!

(dfholanda, Aclimação, nov2013)

Tim Holanda
Enviado por Tim Holanda em 26/11/2013
Reeditado em 01/12/2013
Código do texto: T4588293
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