Às Escuras
Eu inocente
tremi desde a primeira vez
que te vi de novo.
Levava comigo a culpa de sempre.
Esperava menos que um beijo no rosto,
menos que corpo, Fulano, que você, Fulano.
Eu não consegui te olhar por nada.
Eu não sentia, não falava.
Pensava na razão pela qual me ressuscita
vez ou outra.
Pensava no que você pensava.
No motivo de querer me ver.
Na calma em me fazer mudo.
Te disse minha vida,
mas eu não me disse.
Consegui só meus próprios relatos.
Tremi de novo.
Me dei as mãos
na esperança de conforto.
E Fulano, não houve conforto, Fulano.
Eu mais uma vez percebi
a razão do silêncio:
não consigo falar
por sentir uma culpa
que grita em mim. Silenciosa.
Que, Fulano, me faz surdo, mudo, calado,
embaralhado entre presente e passados.