Acerto de contas
O tempo dirá o que você ganhou.
E dirá, também, o que perdeu, e por que perdeu.
Confirmará expectativas, bem como oferecerá
O gosto amargo da desesperança, desilusão ou erro.
Colocará você frente ao espelho,
Fazendo-lhe perguntas e cobrando respostas.
Mostrará que a vida não era, assim, tão difícil,
E muito menos que as felicidades não eram e nunca poderão ser,
Como prometido, eternas.
Que elas, como o amor, precisam ser nutridas sempre que frágeis.
Ensinará que a alegria alimenta a alma
Tanto quanto a tristeza, e que ambas são necessárias.
[E que é preciso saber aproveitá-las]
Levará embora, de um em um, aqueles que ora estavam ao seu lado,
E colocará, de um em um, novos companheiros de jornada em sua vida.
Fortalecerá alguns velhos laços de amizade ou de algum amor calejado;
Fará deles nós; e cortará outros, reatando-os, a duras penas, talvez, algum dia.
Mostrará que sempre há tempo de acreditar e buscar.
De perdoar a si mesmo e a alguém;
De ter fé naquilo que vem de dentro;
Que o medo, instinto tão vital,
Não pode nos impedir de tentar, de arriscar.
E punirá, severamente, aqueles que pensam poder
Colocar os deuses em seus bolsos e conseguir tudo o que desejam,
Aproveitando-se de tudo e de todos.
Por fim, o tempo dirá, no final, em algum fim de tarde qualquer,
Que olhar para trás é uma atitude nobre — e não vã —
E que olhar com otimismo para um norte
Enquanto faz-se o próprio caminho
É confortar a alma, com esperança e fé,
De que todos os amanhãs serão melhores que os dias de ontem.