INTERROGAÇÃO

Pergunto de onde vieste,

de que astro errante tu caíste,

bem diante dos meus olhos espantados?

De que semente agreste tu brotaste,

planta de lianas envolventes e vicioso veneno,

para prender-me no abraço fatal

do teu malefício?

De que pássaro raro tu roubaste

o dom desse canto

que me corrompeu os ouvidos d'alma?

De que sonho meu te criaste,

para profundamente te entranhares,

na minha carne, meu sangue, meus fluidos?

De que sortilégio fostes feito

para derrubar-me o rigor, quebrar-me a vontade?

Tu, caminho sem termo onde me perco,

tu, abismo, onde me precipito e trágica vertigem,

tu, irremediável loucura,

tu, interrogação muda,

pungente e inexorável,

diante do meu ser despedaçado.

hortencia de alencar pereira lima
Enviado por hortencia de alencar pereira lima em 23/11/2013
Reeditado em 08/12/2013
Código do texto: T4583462
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