ESTAÇÃO TEMPO

O tempo chegou.

Não sei se eu desço...

ou se desobedeço.

Me olho no espelho...

não me reconheço.

Perdi o sorriso,

não tenho mais viço.

O tempo aportou.

Não sei se ancoro,

ou se qual ele,

eu descoro.

Perdi o infinito

meu pulso é aflito.

O tempo apitou.

Não sei se embarco

ou de mim me desfaço...

Então,me disfarço!

E neste atropelo...

eu tinjo o cabelo!

Que triste abandono,

Pra sede dos anos

Sequer há vinagre!

Amargo detalhe...

No gosto impreciso...

ganhei mais um quilo.

Eu mordo meus lábios,

Sou puro ato falho!

O tempo soou!

Eu chego a sentir,

que a mim me levou...

Então, eu me toco

mas nem me retoco,

pois não sou mais eu!

Procuro por Deus.

Não sou mais criança,

mas sigo na dança

do meu descompasso,

do Tango ao Fado!

O tempo partiu!

E nele eu me agarro...

Num grito eu brado:

-Devolve-me a mim!

O tempo sorriu.

Que ledo engano...

na vela dos anos,

em mim prosseguiu.

Meu nada ruiu...