Suicídio

E nesse momento me vejo aos prantos, cantando parabéns para mim, em canto onde não passa nenhuma alma viva... Ecoa minha voz nas paredes entre ás ruas molhadas pela chuva de outrora, e tudo isso por causa dos reflexos das poças d’água que me trouxeram lembranças não tão tardias.

Em minha cabeça, passaste a frase, existe algo mais bonito do que morrer no dia em que se nasceu... Mas ao passar um ônibus em minha frente, minha ideia desvaneceu... E uma nova questão ficou pairando em minha mente, e se por acaso eu sobreviver? Se houver uma tragédia que pelo menos seja a última, logo continuei a andar. Mas parece que o maior inimigo do homem é seu subconsciente, minha lógica parecia encobrir-se por trás dele, e nada mais importava no momento, a única coisa que pensava era, não tenho motivos da canção parabéns para você ser uma data querida, muito menos ter muitos anos de vida. De que me vale 18 anos de sorrisos falsos, se o meu único incentivo para abrir um sorriso verdadeiro se foi...

Creio que a ideia de se suicidar não vem do acaso, e é agravada pelos problemas do cotidiano.

Antes de o ato ser concretizado, cogitei em como as pessoas reagiriam a tal ação, mas ao pensar melhor serei apenas mais um louco que não tolerou a pressão social...

Minha alma já estava morta, mas o corpo ainda estava presente, fincado ao chão. De certa maneira, eu já havia me suicidado, não por ser atropelada ou enforcada, mas meu espírito já não pertencia ao meu corpo. Se a morte for o caminho que achava mais fácil, por que não me atirei? Por que me sento aqui e escrevo como se tudo que acabara de pensar fosse algo louco?

Imagino que por conta de uma tentativa de suicídio não bem sucedida eu não queira morrer, foi talvez uma tentativa desesperada de me encontrar nessa vida, testar minha capacidade de quase ir e voltar, descobrir se eu mereço estar aqui ou se estou por uma finalidade. É minha necessidade de tentar viver que provavelmente me mata.

Minha sede de viver é intensa, mas a cada gole parece que me afogo aos poucos, sinto-me aliviada por matar a sede, mas ao mesmo tempo agoniada pelo jeito que o gole me afetou, sentia meus pés ao ar, procurando terra onde não havia.

Invoco dúzias e dúzias de razões para dizer finalmente um adeus, se possível, razões um tanto belas, para justificar meu gesto louco... Mas entre as dúzias das razões de morrer, existe aquelas que me faz querer ficar por aqui.

Hoje me canso de sofrer pela mesma pessoa, de brigas pelas mesmas coisas que parecem nunca acabar, antes me alimentava de esperanças a cada briga, a cada choro. Hoje não quero ser feliz, nem triste, nem nada, queria que o mundo visse-me descabelar, e rogar aos céus piedade pelos meus atos inconsequentes.

Nesse momento perdi o que eu tinha e o que eu não tinha. Sinto-me sozinha em meio a uma multidão, grito, mas ninguém escuta, choro, mas ninguém enxuga minhas lagrimas. Dói estar aqui relutando contra minha mente...

E então me pergunto se não me matei ainda, ainda teria coragem?

Becky Campos
Enviado por Becky Campos em 18/11/2013
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