SÓ SEI DE MINHA MÃO CÔNCAVA
Nunca sei de mim mesmo,
nem sei o que melhor me convém.
Só sei de minha mão côncava
e não sei pedir.
Sei das imagens refletidas no espelho
onde não existo e quem me vê,
não viu os meus amanheceres
nem minhas estúpidas paixões
que tento esquecer.
Se eu me conhecesse,
entenderia todo o Pai-Nosso.
Nada posso fazer e o perdão não posso
eu mesmo dar-me, mas sonho com o que possa
gentilmente ofertarem-me.
O conforto e o esquecimento dos tabuleiros
não podem ser tão ruins a ponto
de desertarem-me de meu destino
E fico pensando nos outros em mim mesmo
e nas rosas, daí concluo que se pudesse
mostrar no espelho a minha verdadeira face,
então se abririam as portas
dos segredos e de meu horto.