IDADE
O passar dos anos
O gosto da vida em sustenido
O grito preso nas entranhas
A manha de se ser quem se é
As horas em contrapartida
A ida aos funerais
O brinde para saudar os novos seres
Os quereres anunciados na canção
A balsa estranhamente na contramão
E esta vontade danada de soltar um não
No tempo em que se anuncia o sim
Como saída para a solidão
Os cães a ladrar na noite
As sereias a se perder nos mares
Os ares do contrassenso
O cisco a doer o olho
A cegueira humana a guiar o tolo
A beleza estúpida das incertezas
A nossa pureza reidratada...
O nada.